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terça-feira, 20 de maio de 2014

Pastor e drag queen, simples assim!

Esta noite [do último domingo, 19], o culto do pastor Marcos Lord será como todos os outros. As mesmas orações, a Bíblia sobre a mesa e a sala cheia de fiéis. A única diferença é que o pastor não vai aparecer - não com as suas roupas tradicionais, pelo menos. Ele vestirá uma saia, terá cabelos louros e maquiagem colorida no rosto. Marcos será Luandha Perón. Pastor e presidente da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) Betel, em Irajá, Marcos Lord se transformou em drag queen pela primeira vez numa parada gay, em 2011. Ao contrário do esperado, sua igreja não o condenou.

"A ICM Betel é inclusiva (vertente cristã-evangélica que aceita homens e mulheres de 'orientação sexual' gay em sua membresia, inclusive nos postos de liderança ministerial, em resumo a teologia inclusiva aceita a homossexualidade como um expressão comportamental normal). A nossa crença é que Deus não exclui ninguém. Criei a Luandha e fui para a parada vestido de noiva para pedir a aprovação do casamento gay. Ela já apareceu em eventos da igreja, mas é a primeira vez que ministrará um culto" - disse o pastor, de 36 anos.

Nascido em uma família evangélica, em Caxias, Marcos cresceu frequentando igrejas que condenavam a homossexualidade. Reconhecia os seus desejos, mas preferia reprimi-los. Chegou a ficar noivo. Até se envolver com um “ex-gay” "Contei para o pastor da minha antiga igreja e ele praticamente me amaldiçoou. Fui expulso de casa. Passei anos achando que ia para o inferno até me apresentarem a Betel" - contou Marcos, que também é professor de uma escola primária.

Após vencer o preconceito (“...achei que iam falar que todos na Bíblia eram gays...”), percebeu que o culto seguia a mesma linha dos outros. A diferença estava no público e na falta de restrições. Nas paredes da igreja, cartazes defendem a união homoafetiva e o direito das mulheres de usarem o corpo como querem. "Só pedimos que as pessoas respeitem os princípios básicos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como se a si mesmo. Você pode, por exemplo, beber, só não pode prejudicar o outro com isso."

A tolerância se estende às religiões. Eles não condenam as crenças africanas, nem o uso de símbolos. E se uma pessoa chegar com uma blusa de São Jorge no culto? "Pode, de preferência com muitos paetês!"

Quanto à Bíblia...
“Se você for ler a Bíblia ao pé da letra, terá muitos problemas. Ela fala sobre escravidão, que você tem direito a ter um irmão escravo seu por sete anos. Ela diz que você não tem direito de comer carne de porco. Mas quem vai abrir mão de comer o seu presunto e o seu pernil? Se nós mantivéssemos a mesma visão que sempre tivemos da religião evangélica, a mulher estaria até hoje calada [...] Eu não posso simplesmente pegar a Carta aos Romanos e lê-la como se ela tivesse sido escrita para os brasileiros do século XXI. A Carta aos Romanos foi escrita para os cristãos de Roma, daquele período histórico, do primeiro século. Então eu não posso achar que ela é válida para hoje. Mas eu posso tentar pegar alguns ensinamentos que estão ali e achar novos significados para os dias de hoje? Posso. Assim como pego os ensinamentos da minha avó e tento trazer para minha vida até hoje. Mas isso não quer dizer que eu não vá pedir manga com leite numa lanchonete porque ela disse uma vez, lá atrás, que faz mal”, argumentou Marcos, numa entrevista ao jornal O Globo.
Segundo o "pastor" Marcos, o fato de ter crescido num lar evangélico o levou a crer que seus desejos por pessoas do mesmo sexo eram fruto de uma influência maligna: “Eu me lembro claramente de uma noite. Estava passando por aquele momento de crise existencial e de madrugada fazia poças de lágrimas, ajoelhado no chão, pedindo a Deus que me libertasse. No fim da sétima noite, eu percebi que não ia adiantar, que Deus não tinha que me libertar, que não havia do que ser libertado. E a crise foi tentar encontrar lugar na minha fé para a minha sexualidade, entender que eu poderia ser gay e ser cristão”, disse Marcos. 

A mim só resta dizer: Maranata!

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