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quinta-feira, 20 de março de 2014

O amargo "Sabor de Mel"

                                     
Que o meio gospel é rodeado e movido por todo azar de modismos é fato. Nos últimos tempos, com o advento da música gospel - que, justiça seja feita, cresceu muito no que tange à qualidade técnica, na mesma proporção em que degringolou ladeira abaixo no que tange à qualidade espiritual (salvo as raríssimas exceções) -, o surgimento dos inúmeros grupos/bandas/conjuntos musicais chamados pomposamente de  "ministérios de louvor e adoração", dos grandes astros e estrelas, o monte de baboseiras que se tem cantado nas igrejas e feito sucesso estrondoso nas rádios é de dar medo. Coloca-se um efeito sonoro computadorizado, um ritmo divertido, doses cavalares de fenômenos naturais ("chuvas", "ventos" e "terremotos" são infalíveis), um refrão grudento e está pronta a fórmula de um "hit de verão". 

Um desses famigerados hits de verão é a abominável (sob todos os aspectos) música "Sabor de Mel", composta(?) e interpretada pela atual musa pentecostal, Damares. A Bíblia lança essa música por terra e não deixa letra sobre letra. Vejamos: 

Está escritoEu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus (...)” (Mateus 5:44)

De início ressalto que toda música tem liberdade poética, portanto não precisa necessariamente estar presa a rusticidade das letras teológicas. Agora uma música que se propõe cristã deve, no mínimo, primar pelo princípio básico da Palavra de Deus de amor ao próximo. Esclarecido este ponto, apresentarei algumas razões para discordar desta e de tantas outras músicas que se tornam hits gospel. 

Inicialmente, destaco o antropocentrismo (o homem sendo o centro) desta canção, tornando-a uma canção humanista, sem absolutamente nenhum traço de louvor e adoração. Perceba que a finalidade da música não é glorificar a Deus, mas antes  o agente  ativo "eu" ser glorificado por Deus. No início da música é destacado que “...o agir de Deus é lindo...”, mas este agir está centrado na atuação de Deus dando a tão desejada “vitória” a um “escolhido” (é a síndrome do triunfalismo). Lembremos que aos escolhidos verdadeiramente por Deus apesar de garantida a vitória aqui, eles estão passíveis de serem provados (1 Corintios 10:13), de serem perseguidos (Mateus 5:11) e de passarem por aflições (João 16:33). A todos estes escolhidos está garantida a vitória eterna (1 João 2:25), esta é a promessa que temos a vitória final sobre a morte (1 Coríntios 15:54-56), o repousar nos braços do Pai e não mais ter que enfrentar dor, choro, doenças ou qualquer outra provação (Apocalipse 21:4).

Outro ponto 
que me entristece profundamente, mas que infelizmente está enraizado no imaginário de muitos crentes que se dizem pentecostais, é a exaltação, é considerar que Deus te dá algo para ser mais ou melhor que os outros. Veja o que a letra da música fala: “...Quem te viu passar na prova e não te ajudou; Quando ver você na benção vão se arrepender; Vai estar entre a platéia e você no palco (...)”. PALCO???? Do que falamos aqui, de um espetáculo teatral, circense? Mas  não é só isso. Onde ficam as palavras do Mestre Jesus, ao nos ensinar que devemos amar nossos inimigos (Mateus 5:43), e pior, muita gente utiliza esta letra para tripudiar não sobre o inimigo, mas sobre um irmão que por não conhecer a Palavra assim como ele, causa discórdia provocando-lhe profunda mágoa. Por favor, sejamos sábios, o único objetivo que o Senhor Jesus nos concede seu favor é para que sejamos úteis para o Reino de Deus! Devemos orar pelos nossos inimigos (Mateus 5:44), não para que sejam destruídos, mas para que o Senhor os alcance pela sua misericórdia. Não devemos esperar “estar no palco”, desfilando aparecendo com a posição que Deus nos concedeu, mas antes devemos lembrar que “...e qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.” (Marcos 10:44).

Finalizando, destaco (chatérrimo, diga-se) refrão da música que fala: “...Tem sabor de mel; Tem, sabor de mel; A minha vitória hoje; Tem sabor de mel...” Isto gruda na cabeça de quem ouve, porém, não condiz com Santa Palavra de Deus, pois o sabor de mel a que a música se refere é aquele apresentado no livro de Apocalipse 10:9, onde a mensagem dada a João teria um sabor na boca doce como mel, mas o final seria amargo para o ventre, ou seja, difícil de digerir, já que eram palavras duras. Não há qualquer referência a uma possível facilidade na vida, inclusive dos escolhidos de Israel (Apocalipse 7:1-8), pois estes enfrentariam duras provas durante a tribulação (Apocalipse 14), mas aos fiéis, o Senhor livrou suas almas de perecerem no inferno. Ou seja, a mensagem da música, além de anti-bíblica é controversa.

Concluindo, respeito quem gosta desta canção, mas EU A ABOMINO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS! Deixo claro que em nada lembra os ensinos de Jesus e para mim não passa de uma letra antropocêntrica que faz muito bem para o ego, mas tem pouco proveito para o crescimento cristão e para o florescimento do Fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:22) na vida do cristão e, que fique claro NÃO É UM LOUVOR E MUITO MENOS UMA ADORAÇÃO. Pode até ser um "hino" (hino por hino, até times de futebol têm os seus), mas um hino ao "deus ego", aquele que reina absoluto na circunferência umbilical.

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