Um dos tantos péssimos
hábitos no meio evangélico, é o de isolar versículos e criar doutrinas. Isolar
um versículo é quando ele é extraído de seu contexto e interpretado sem que se
leve em conta a relevância contextual, circunstancial ao qual está inserido. Em
cima do isolamento de versículos e da fragmentação de textos bíblicos, são
criados costumes os mais estranhos e ensinados como verdades bíblicas sob o
peso de doutrinas. Eu poderia citar um sem número de versículos que são usados
dessa forma e gerado interpretações equivocadíssimas dos Escritos Sagrados. Mas
nesse artigo vou ater-me ao que tange à licitude, à conveniência ou não do
crente fazer julgamentos. Afinal, o crente pode ou não julgar ao outro? Jesus
disse mesmo que não se pode julgar? Há controvérsias.
Jesus disse: "Não
julgueis, para que não sejais julgados" (Mateus 7:1), assim
mesmo, isolado de todo o seu complexo contexto (Jesus disse isso durante o
sermão do monte) os crentes criaram o que vou chamar de "doutrina da
hipocrisia" Isso mesmo, hipocrisia. E, sob essa hipocrisia, têm sido
tolerantes com situações absurdas, tudo por que "não se pode julgar".
Assim muitos irmãos se sentem em uma redoma blindada da críticas, entretanto
NINGUÉM É INCRITICÁVEL. Então, este versículo é citado por muitas pessoas para
condenar qualquer pessoa que critica as doutrinas ou práticas religiosas de
outros. Ironicamente, as pessoas que assim usam o texto não percebem que estão
julgando a outra pessoa culpada de desobedecer esta proibição! É pecado julgar?
Como é que devemos entender essas palavras de Jesus?
Jesus condena o julgamento
hipócrita. Ele
emprega uma imagem engraçada (o humor de Jesus era ácido, áspero e acirrado)
para ilustrar o ponto. Uma pessoa está sofrendo por causa de um cisco no olho,
quando vem a outra oferecendo tirá-lo. Só que a outra, o juiz hipócrita, tem
uma viga no olho dela! Jesus disse que temos que tirar nossas próprias vigas
antes de remover os ciscos dos outros. Não devemos condenar os probleminhas dos
outros quando praticamos pecados mais graves.
Jesus condena a atitude
negativa do censor. Algumas pessoas vivem para criticar, sempre procurando e
destacando as falhas dos outros. Tais pessoas convidam outros a ser críticos,
também. Quando condenamos as pequenas falhas de outros, eles terão motivo para
nos condenar (considere o exemplo do servo que não perdoou o outro, Mateus
18:23-35).
Jesus NÃO CONDENA a
avaliação dos outros. Mateus 7 mostra claramente que Jesus não está condenando a
avaliação dos outros. Temos que discernir entre o certo e o errado, e entre as
pessoas que praticam as coisas de Deus e as que andam no erro. No versículo 6,
Jesus exige o julgamento de pessoas que ouvem o evangelho, e a rejeição dos
"porcos" e "cães". Do versículo 15 ao 20, ele ensina sobre
o julgamento de quem se diz crente pelos frutos (veja Mateus 16:6,11-12).
Paulo exige o julgamento. Não é o bastante
dizer que o servo de Cristo pode julgar. O discípulo de Jesus é obrigado a
julgar! Às vezes, alguém na igreja terá que julgar outros irmãos para resolver
problemas (1 Coríntios 6:1-5). Em geral, todos nós temos que julgar todas as
coisas, retendo o bem e rejeitando o mal (1 Tessalonicenses 5:21-22). Para
discernir entre essas coisas, é necessário crescer espiritualmente (Hebreus
5:12-14). As pessoas incapazes de julgar continuam como crianças, como pessoas
carnais (1 Coríntios 3:1). O propósito do julgamento que Deus exige de nós
não é para condenar ninguém ao castigo, mas para evitar o pecado e ajudar
outros, também, ficarem livres do mal.
Quando não podemos julgar
A questão sobre o
julgamento precisa ser definida para que não incorramos em erros e saiamos por
aí julgando a tudo e a todos sem critérios, levianamente. Em tudo Jesus nos
leva a encontrar um ponto de equilíbrio (sim, ele existe). Abaixo situações nas
quais o ato de julgar é condenável e nocivo ao corpo de Cristo.
1- Motivações erradas
(julgamento hipócrita)
· Se
sentir superior;
· Ter
opiniões sobre;
· Olhar
as aparências;
·
Catalogar e compactar (rotular) pessoas;
·
Querer ser como Deus (juízo “fulano não vai para o céu” ou
“sicrano vai para o inferno por...”).
2- O que
causa “o julgar hipócrita”?
· Orgulho;
· Insegurança;
· Ciúme,
Inveja;
· Imaturidade;
3- Quais são os
sintomas?
· Conflito,
discórdia;
· Legalismo;
· Religiosidade;
· Falta
de compaixão e graça;
· Falta
de tolerância com as fraquezas alheias;
· Se
isolar;
· Se
projetar;
· Falta
de boa vontade;
· Auto
proteção;
· Senso
de superioridade espiritual (a "síndrome do super-crente");
· Fofoca,
mexerico e falar negativamente sobre outros.
I Samuel 16:7 “O Senhor, contudo,
disse a Samuel: “Não considere sua
aparência, nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o
homem: o homem vê a aparência, mas
o Senhor vê o coração.”
Provérbios
13:10 “O orgulho só gera discussões, mas a sabedoria está com os que
tomam conselhos.”
4- Por que “julgar
hipócrita” é destrutivo?
· Destrói
a unidade;
· Nos
impede de solucionar nossos pessoais pecados e problemas;
· Cria
paredes que impedem o trabalho de Deus;
Cega e restringe o crescimento e mudanças
em nós.
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