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sábado, 15 de fevereiro de 2014

Álvaro Tito, vozeirão histórico

O segmento da música gospel comete suas injustiças. Promove coisas inomináveis ao posto de astros musicais (e refiro-me aos solos, bandas e/ou ministérios) e lança no limbo do esquecimento talentos inquestionáveis. É exatamente o que foi feito a esse magnífico cantor, que já foi um dos ícones da música evangélica em tempos onde a tecnologia que hoje proporciona e facilita a vida de envolvidos com a música não era nem mesmo imaginada. 

Álvaro Tito, além de uma bela é emblemática voz, cantava músicas com letras essencialmente bíblicas e com coerência teológica. Apesar das limitações técnicas da época, Tito cantava (e encantava com) suas músicas pelas igreja do Brasil. Ele é do tempo em que os cantores enfiavam os "bolaçhões" (como eram conhecidos os enormes discos de vinil) em caixas e eles próprias faziam a divulgação e distribuição dos seus trabalhos. Sem todo esse aparato midíático e a pirotecnia das parafernalhas tecnológicas e visuais de hoje em dia, era o que restava aos cantores para promoverem seus trabalhos.

Mini Biografia


Seu primeiro trabalho foi "Meu Ser para Cristo", uma canção autoral, vindo em seguida "Deus Transforma" (Edson Coelho). Mas foi com o inusitado disco "Não Há Barreiras" (essa canção é simplesmente magnífica), feito em 1986, pela antiga multinacional Polygram (hoje Universal Music), que Álvaro Tito alcançou, definitivamente, a projeção nacional. 


Um fato marcante em sua carreira é que, a partir do LP 'Não Há Barreiras', o próprio Álvaro arranjava e produzia musicalmente seus fonogramas, além de executar a bateria. Na época isso trouxe um quê de resistência aos diretores da Polygram, pois, sendo ainda a música gospel brasileira olhada com certa reserva pela mídia pop, como creditar a um rapaz de 16 anos, imberbe, a batuta de uma produção fonográfica daquela envergadura? 

No entanto, o resultado que o disco trouxe à carreira de Álvaro Tito fala por si. Posteriormente vieram mais de dez obras, entre o vinil e o compact disc, que confirmaram, insofismavelmente, o talento do autor/cantor e acabaram por influenciar vários intérpretes que vieram depois dele. Ainda como marca indelével deste sucesso estão as inesquecíveis 'Pelo Sangue de Jesus' (autoral) - outra canção magnífica - e a já citada 'Não Há Barreiras' (Elvis Tavares), que recebeu uma nova versão e roupagem do rapper Dj Alpiste, com a participação em homenagem do próprio Álvaro Tito no refrão. Parabéns ao Alpiste pelo reconhecimento! 

Álvaro Tito costuma fazer, em suas produções, um verdadeiro passeio rítmico, que vai da inclusão de baladas, reggaes, salsas, guarânias, soul, até inserções jazzísticas (vale a pena conferir 'Quem Te Salvará', do CD "Levanta-te", numa levada à lá Al Jarreau). Enfim, ele abusa da versatilidade. 

A fama de excelente intérprete já rompeu os muros da gospel music, acarretando em convite, certa vez, para atuar como cantor popular, o que foi, prontamente, rejeitado por Álvaro Tito. Registre-se que, recentemente, o cantor Chrigor (ex-Exaltasamba) gravou CD solo incluindo uma música de Álvaro, comprovando sua transcendência musical.

Vida longa ao Álvaro Tito. 

Álvaro com Alpiste, na versão rap de "Não Há Barreiras"

Álvaro na versão original da canção

Álvaro em apresentação no início da década de 1990, ministrando na festa comemorativa do aniversário de uma extinta rádio evangélica em São Paulo (observe que a qualidade do vídeo é péssima, o que imprime a raridade das imagens).

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