"Agora, porém, irmãos, se eu for
ter convosco falando em outras línguas, em que vos aproveitarei, se vos não
falar por meio de revelação, ou de ciência, ou de profecia, ou de doutrina? 23
- Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar
em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão,
porventura, que estais loucos" 39 - Portanto, meus irmãos, procurai com
zelo o dom de profetizar e não proibais
o falar em outras línguas. [1
Coríntios 14:6, 23, 39 ]
Eu fiz questão de iniciar este artigo
com os versículos acima que fazem parte do contexto registrado na primeira
epístola do apóstolo Paulo à Igreja de Jesus Cristo que se reunia em Corinto,
no capítulo 14. Ressalto que fiz a extração dos versos SEM ISOLÁ-LOS de seu
contexto, mas apenas para dar ênfase sobre o assunto a ser discorrido.
Tenho observado que dadas as devidas
proporções e muito por causa do crescimento número de pessoas que se confessam “evangélicas”
nas mais variadas denominações desse segmento, que a contemporaneidade dos Dons
Espirituais (1 Co 12, 13,
14) já não gera as mesmas brigas como no passado, porém,
infelizmente ainda gera em alguns líderes um certo desconforto e frustração.
A grande verdade é
que ainda resta um considerável grupo de pastores e teólogos que tiveram uma
formação acadêmica tradicional, profundamente influenciada pelos princípios
iluministas de alguns séculos atrás. A crítica textual, a teologia da
libertação e tantos outros movimentos que surgiram na história da igreja
aparentemente trouxeram algumas verdades relevantes, porém ao analisarmos seus
frutos descobrimos a árvore, correspondem a um verdadeiro câncer em meio ao
pensamento teológico.
Tendo em mente este
quadro, fica fácil entendermos a motivação de diversos líderes da década de 70,
que ao experimentarem um avivamento espiritual em suas comunidades locais,
foram logo forjando a errônea argumentação contrária ao estudo teológico...
quem nunca ouviu o chavão pentecostal “...a letra mata e o Espírito
vivifica...”?. O fato é que não só a letra, mas também a letra, pode nos matar
espiritualmente. Da mesma forma que apenas as experiências empíricas, espiritualmente
não nos dão consistência para crescimento. Muito mais que o estudo teológico, o
problema das igrejas, líderes e cristãos sempre foi a vida de pecado e
superficialidade devocional, esses elementos sim nos levam para o
sepulcro caiado.
Talvez você seja uma dessas pessoas,
hiper dispensacionalistas ou cessacionistas que foram programadas para
acreditar que a igreja primitiva, aquela dos apóstolos e dos milagres é
diferente da igreja de nossos dias e as manifestações sobrenaturais já
cessaram. Que atualmente Deus não opera mais da forma como lemos nas páginas
das Sagradas Escrituras, e que a igreja primitiva encerou em At 28:23-31(...), logo você acredita
que a igreja de nossos dias é diferente daquela apresentada pelos apóstolos.
Caso você seja
assim... questionador e pragmático... quero que saiba que compreendo suas
dúvidas, conheço seus argumentos e sei muito bem como você entra em crise ao
ouvir outro irmão pentecostal gritando em línguas estranhas perto de você. Eu
compreendo tudo isso que você sente, pois um dia eu também já fui assim. E
confesso que perdi um tempo precioso de minha caminhada cristã acreditando
nessas crendices teológicas, precisando repetir para mim mesmo que todos os
outros “cristão avivados” estavam errados e eu na minha mediocridade tinha a
razão acima de meus sentimentos. Esse sentimento é muito parecido ao de muitos seguidores do ocultismo, que por conviver intimamente com o oculto e sobrenatural se
julgam superiores e mais preparados que os cristãos nominais.
Falar em línguas, um dom fundamental para o
desenvolvimento espiritual
O fato é que quero
falar sobre um Dom Espiritual, o qual recebemos mediante fé, obediência e
soberana vocação divina. Não vou falar de paralíticos que voltaram a andar, ou
surdos que passaram a ouvir. Também não falarei de pessoas que tinham uma de
suas pernas dez centímetros mais curta que a outra e depois de um período
de ministração do Espírito Santo tiveram sua perna milagrosamente crescida.
Quero falar apenas
sobre orarmos em Línguas Estranhas, algo que na perspectiva do apóstolo Paulo é
“o menor de todos os dons”. Alguns céticos e outros frustrados fundamentalistas
aproveitam essa declaração de Paulo para mentir dizendo que esse assunto não é
importante e não merece considerações. Coisa alguma que Deus nos dá é sem
valor. Nada, absolutamente nada que o Pai tem reservado para sua igreja é em
vão; tudo tem proveito e utilidade. Em sua grandiosa graça, Ele nos concede
suas dádivas com a finalidade de sermos aperfeiçoados e edificados.
Mitos, mentiras e a VERDADE
O falar em línguas não é algo sem
importância. Ele foi dado para o nosso benefício, para a nossa edificação
pessoal. Nesta prática há benefícios que transformam nossas vidas, e que quando
negligenciados entristecem profundamente a Deus. Como falei no início, existem
muitas bobagens a respeito do falar em Línguas Estranhas. Uma delas é
acreditarmos que as pessoas que falam em Línguas são mais espirituais do que as
que ainda não receberam esse DOM. Isso é um mito pentecostal e de bíblico não
existe nada! Outra mentira que me disseram é que para receber o Dom de falar em
Línguas Estranhas eu precisava me sacrificar e assim inconscientemente anular e
competir com todo o sacrifício que Jesus já realizou por mim na Cruz do
Calvário. Porém de todos os mitos o pior que escutei foi o conceito de Batismo
com/no Espírito Santo como condição para vida eterna, algumas igrejas ensinam
até os dias de hoje. Tentaram nos convencer de que no momento da conversão, o
Espírito Santo não passa a habitar em nós e agora, segundo eles, precisamos
receber o Batismo com/no Espírito Santo, e se mediante essa manifestação de
poder não falarmos em outras Línguas então jamais entraremos
no Reino dos Céus... De todos os mitos esse é o pior!
Negar
o dom de falar em línguas estranhas é negligenciar algo que nos foi dado por
Deus.
Infelizmente há
irmãos que negam a eficácia e a necessidade do dom de orar em línguas
estranhas. Coitados, não sabem o que estão perdendo. Pior do que negar a
eficácia do dom, é criticá-lo, questioná-lo sem qualquer conhecimento e,
obviamente, sem ter sequer vivido a experiência. Sobre o dom de orar línguas
estranhas, destaco que:
1
- Não é um idioma humano que exista ou que tenha existido anteriormente. É uma
linguagem incompreensível. Em 1 Coríntios 14:2 está escrito: “Porque o que fala
em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o
entende, e em espírito fala mistérios”.
2
– Edifica somente a pessoa que “ora em línguas estranhas” e não a igreja como
um todo. Em 1 Coríntios 14:4 está escrito: “O que fala em língua desconhecida
edifica-se a si mesmo...”
3
– Podemos buscar interpretação por meio da oração e assim, edificar toda a
igreja. Em 1 Coríntios 14:13 está escrito: “Por isso, o que fala em língua
desconhecida, ore para que a possa interpretar”. Em 1 Coríntios 14:27 está
escrito: “E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou
quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete”.
4
– Não deve ser proibido na igreja. Em 1 Coríntios 14: 39 está escrito:
“Portanto, irmãos, procurai com zelo, profetizar, e não proibais falar
línguas”. 5 – É um “sinal” para os incrédulos (infiéis). Em 1 Coríntios 14:22
está escrito: “De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas
para os infiéis...”
6
– É a principal, porém não é a única evidência do “Batismo no Espírito Santo”.
Uma pessoa pode ser batizada no Espírito Santo e não falar em línguas
estranhas, pois, a maior (e mais significativa) evidência do batismo no
Espírito Santo não é o “falar em línguas estranhas”, mas sim, a intrepidez na
pregação do Evangelho, como podemos ver em Atos 1:8, que diz: “Mas recebereis
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em
Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.
7
– “Falar em línguas estranhas” não é o “dom de variedade de línguas”. Falar em
línguas estranhas constitui falar palavras ininteligíveis (que não se consegue
entender) dentro do contexto humano. Já o dom da variedade de línguas consiste
na capacidade sobrenatural de falar em um idioma humano estrangeiro que não era
previamente conhecido ou estudado pelo locutor. É uma língua idiomática
utilizada quando Deus quer usar alguém para falar a outrem cuja língua é
diferente, como podemos ver em Atos 2:7-11, que diz: “E todos pasmavam e se
admiravam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses que estão
falando? Como é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria língua em que
nascemos? Nós, partos, medos, e elamitas; e os que habitamos a Mesopotâmia, a
Judéia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egito e as
partes da Líbia próximas a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como
prosélitos, cretenses e árabes – ouví-mo-los em nossas línguas, falar das
grandezas de Deus”.
8
– “Falar em línguas estranhas” não é a mera repetição de palavras que podem ser
memorizadas e reproduzidas verbalmente. Há pessoas que não foram batizadas no
Espírito Santo, que acabam memorizando e repetindo palavras (ininteligíveis)
ditas por pessoas batizadas no Espírito e que “falam em línguas estranhas”... A
mera repetição de tais palavras não constitui o “falar em línguas”. Neste caso,
temos uma imitação e não uma ação sobrenatural do Espírito Santo sobre a vida
do cristão.
9
– Quem fala em línguas estranhas não pode se considerar mais espiritual que os
demais que não passaram pela mesma experiência. Alguns pentecostais acham que
por não falar em línguas não chegaram ao nível de cristão em toda a sua
plenitude. Isto não é verdade. - Alguém que fala em línguas estranhas não pode
se considerar mais espiritual que a pessoa que foi batizada no Espírito Santo, mas
que não fala em línguas estranhas; - Aquele que não fala em línguas estranhas
não deve se considerar menos espiritual por isso. Deus age com propósitos e Ele
sabe por que algumas pessoas falam em línguas estranhas e outras não. Deus é
Soberano e Ele opera como bem quiser. Nunca se esqueçam disso.
10
– Glossolalia religiosa e Xenoglossia são coisas distintas. Glossolalia
religiosa: não é a mesma coisa que “falar em outras línguas” (Atos 2:4), mas
consiste em proferir sons ininteligíveis, que não correspondem a nenhuma língua
conhecida (dentro do contexto humano). Xenoglossia: oração em língua
desconhecida de quem ora, mas que existe ou já existiu e é do domínio humano.
Trata-se de uma linguagem humana.
11
– Não existe “fórmula” para “aprender” a falar em línguas. Assim como os demais
dons, ele fluirá à medida em que a pessoa buscar recebê-lo através de uma vida
consagrada ao Senhor. O dom de orar em línguas é o ÚNICO dos dons espirituais que é para edificação pessoal.Todos os demais são para a edificação do corpo. Ele expressa uma preocupação individual de Deus com cada um de seus filhos. Não querer recebê-lo é o mesmo que um filho se recusar a receber um presente preciosíssimo do pai.
Enfim,
é isto. Se você não crê no dom de falar em línguas estranhas é um problema seu.
Entretanto, o fato de você não crer, seja sob quais argumentos forem, NÃO
invalidará a eficácia e a realidade ativa do dom, assim como não fará com os que nele
crêem o deixem fluir e usufruam de mais essa sobrenatural ferramenta espiritual
preparada e entregue por Deus aos seus filhos amados. Ou seja, fique na sua.
Simples assim.
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