Não é nome de filme. Antes fosse ficção. Mas é o relato de um fato dantesco, bizarro, indecente, imundo, mais sujo que banheiro de prostíbulo que acontece Brasil afora. Pseudos homens e/ou mulheres "de Deus" que pegam o precioso nome de Jesus e usam como moeda cambial. Mercantilizam a fé alheia no ganância insana e voraz de solapar o dinheiro de seus fiéis e ignorantes seguidores, que, sem uma busca pelo conhecimento da Verdade, se tornam presas fáceis nos tentáculos peçonhentos desses polvos do inferno.
Vamos pra Bíblia: “Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.”
1 Timóteo 6: 7-10
Pronto, transformaram Jesus em marca registrada. Agora Ele é apenas um bem (material) de consumo de massa. Parece que os evangélicos, os católicos e os demais cristãos são mesmo muito frouxos, um bando de bundas moles. Imaginem algum espertalhão muçulmano “inventar” de comercializar produtos com a marca “100% Alá”? Provavelmente perderia as duas mãos, se não lhe acontecesse algo pior ainda aqui na terra. Porque, ao que tudo indica, o destino de todos esses, após a morte, está selado: ou acham, os crentes, que há lugares confortáveis no paraíso para a vulgarização comercial dessa “marca” em nome da qual tantos sofreram e morreram?
Esqueceram-se das cruzadas? Apagou-se da memória a inquisição? Nunca tiveram notícia da ocupação do “novo mundo” e do que foi praticado em nome de “difundir a fé”? De um lado a outro, há motivos de sobra para tratar essa “marca” com uma certa cautela. Transformar Jesus em marca comercial da forma como essa empresa de Indaial está fazendo é um pouco demais.
Alguém poderá dizer que no nordeste tem o guaraná Jesus. Sim, que tem esse nome porque o proprietário da empresa que o lançou em 1920 se chamava Jesus Norberto Gomes. Hoje é engarrafado por uma empresa que também engarrafa Coca-cola e não pretende (e até onde sei nunca pretendeu) unir a marca à pregação religiosa. Quem santificou o tal refrigerante (que eu já experimentei e é horrível, parece xarope) foram os próprios crentes. Vai entender a cabeça dessa gente, demonizam a Coca-Cola e santificam um refrigerante ligado à marca!
Esta investida catarinense, segundo se lê no site da empresa, é feita por “cristãos da Igreja Pentecostal Primitiva do Caminho, liderada pelo abençoado Pastor Élio na Cidade de Indaial - SC. E o objetivo é claramente usar a fé como impulsionadora de negócios (a igreja que recomendar os produtos levará uma graninha como pagamento pelo “apoio”). Veja o anúncio que os produtos trazem no rótulo:
“Este propósito nasceu da obrigação que todo cristão tem para com Deus. Por isso resolvemos destinar 20% do faturamento líquido da empresa às obras sociais e ao Reino de Deus, onde 10% será destinado para as Igrejas que nos apoiam e 10% para as obras sociais que nós (100% Jesus) acreditamos estar precisando dos recursos. Que este propósito seja aceito por Deus pai e nossos amigos e parceiros e que continue abençoando esta marca hoje, amanhã e sempre.”
O numeroso rebanho cristão não deveria mais servir tão docilmente como massa de manobra: já há algum tempo elege cegamente quem os pastores recomendam. Criaram, em praticamente todos os legislativos, bancadas evangélicas que, em sua maioria, não têm ajudado a moralizar a vida pública. Será que agora vão começar a consumir apenas os produtos que tenham o selo de aprovação (remunerada com o vil metal) dos bispos, apóstolos, patriarcas, semi-deuses...?
Se não fosse por mais nada, seria concorrência desleal. Algo com que as associações comerciais e os órgãos de defesa do consumidor e da livre concorrência (como o Cade), deveriam se preocupar. A menos que o Brasil já seja um Estado fundamentalista (como o Irã) ou dirigido por fanáticos (como a Venezuela) e ninguém tenha nos avisado.
Propaganda enganosa
Antes que me esqueça: não dá pra levar a sério um empreendimento que no rótulo fala em “100% Jesus” e nas letrinhas miúdas informa que apenas 20% do faturamento líquido irá para a caridade e para a remuneração dos pastores/garotos-propaganda. O rótulo, em verdade em verdade vos digo, deveria ser “20% Jesus (descontados os impostos)”. Além de enganadores, os infelizes ainda por cima são burros (com o perdão do equino que nada tem a ver com essa merda toda) e cometeram um erro de português primário na campanha publicitária de seus produtos. Ah quem dera se Jesus cismasse de pegar um rolo compressor e ir de encontro à edificação que sedia essa famigerada empresa... Quem derrubou bancas, derruba prédios. Afinal, Ele é o mesmo de ontem, de hoje e O será eternamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário