Falarei aqui de algo com conhecimento de causa: solteirice.
Desde a criação de Eva, a partir de uma das costelas de Adão, homens e mulheres
estão em busca de companheiros idôneos. O desejo de encontrar alguém para
dividir alegrias e tristezas sempre fez parte da vida de [quase] todo ser
humano. Apesar disso, o sonho de encontrar a pessoa amada e a ela juntar-se por
meio do casamento tem sido adiado, ou mesmo deixado de lado, por muitos
brasileiros na atualidade. Pelo menos é o que mostra uma pesquisa do IBOPE
Mídia, realizada em 2011 (a mais recente), nas regiões metropolitanas e no interior
do Sul e Sudeste do país. De acordo com o levantamento, um entre dois adultos
ouvidos pela pesquisa é solteiro. A maioria deles (31%) nunca se casou, 15% são
divorciados e 3% viúvos. Eles têm, em média, 31 anos de idade, salário de cerca
de 900 reais e disposição para continuar estudando e crescendo
profissionalmente.
São diversos os fatores que têm levado os brasileiros a não
se casarem ou a adiarem o matrimônio e, dentre eles está, exatamente, essa
busca por melhores posições no mercado de trabalho. O fenômeno – obviamente –
se reflete nas igrejas, que não parecem muito preparadas para lidar com essa
realidade. Um levantamento realizado em 2006 pelo Ministério Apoio, em
pareceria com a organização evangélica Servindo aos Pastores e Líderes (SEPAL),
mostrou o perfil dos solteiros evangélicos. A pesquisa atestou, por exemplo,
que 73% dos entrevistados se queixavam de não haver qualquer trabalho para eles
suas igrejas e 40% reclamavam da solidão.
Até pouco tempo, as pessoas se casavam para serem ordenadas
ao ministério pastoral. Ser casado era – e, em muitas denominações ainda é –
condição primordial para tal e sinônimo de ser uma pessoa do bem. Esses mesmos
casais que foram “apertados” para não terem um namoro longo (e com o risco de “cair
em pecado”), anos mais tarde viram-se em uma situação vergonhosa, de exposição
pública, quando houve o divórcio.
O solteiro e o preconceito das igrejas
Velado ou escancarado, o preconceito contra os solteiros na
igreja evangélica é fato incontestável (principalmente se esse solteiro tenha um "passado negro", como o meu, por exemplo). Não raramente ocorrem os absurdos extremos, como o de os solteiros terem sua sexualualidade questionada ("Será que ele(a) é?!"). Há determinadas denominações – algumas,
clássicas – que não consagram solteiros ao pastorado. Como base para a essa
postura, usam o texto de 1 Timóteo, no capítulo 3 (que trata especificamente do
assunto, obviamente, sob um contexto também específico). Mas, que dizer do
apóstolo Paulo – LÍDER do solteiro e jovem pastor Timóteo, e autor do referido
texto citado – que recomendou aos solteiros que assim permanecessem, a fim de
melhor servirem ao Senhor (1 Co 7.8, 26-35)? Certamente Paulo e Timóteo não “serviriam”
para serem pastores nessas tais denominações.
O pastor britânico anglicano John [Robert Walmsley] Stott (27 de abril de 1921 – 27 de julho de 2011),
deixou um legado de mais de 40 mil livros escritos e um exemplo de vida que o
fez capelão da família britânica por mais de 30 anos, tendo sido eleito, pela
revista norte-americana Time como uma das cem personalidades mais influentes do
mundo. Stott era visto como grande arauto do Evangelho, sendo vivendo seus 90
anos solteiro e celibatário. Stott, caso fosse membro de alguma dessas
denominações que não consagram solteiros ao ministério, estaria “condenado” a
ficar por 90 anos “no banco”, independente de seu currículo.
Solteiro
até morte me alcance
Permanecer
solteiro e sem crises em relação a esse estado civil é um desafio. Há sempre
alguém “te cobrando” uma namorada ou, pior, tentando “te empurrar” alguma. As
pessoas não respeitam o seu direito de escolher ficar solteiro. Há os solteiros
que, por muitas vezes sentiu-se esquecido pelo Senhor e pela Igreja. Há também
os que desejam [urgentemente, e por “n” motivos, 13%, por causa das tentações
sexuais] casar-se (84%, dados percentuais segundo a pesquisa citada
anteriormente). Entretanto, há os que estão completamente confortáveis e bem
resolvidos em sua solteirice (faço parte dessa minoria) e que precisam ser
respeitados. Não questiono que o casamento seja uma benção, entretanto, dessa benção eu
estou abrindo mão e o faço consciente. Não há na Bíblia um único versículo que
me impeça ou me condene por querer permanecer solteiro. Sendo assim, sigo eu,
solteiro e feliz, graças a Deus!
[Fonte: Ministério Apoio]
Nenhum comentário:
Postar um comentário