Há tempos
tem uma discussão sobre as influências das telenovelas na sociedade. Elas
influenciam? Fazem bem ou mal? Se há uma influência, ela é determinante nos
rumos da sociedade? Esse assunto já foi pauta de mestrados, doutorados e a
despeito dos anais acadêmicos, uma coisa é certa. Um número expressivo de
indivíduos é noveleiro assumido. Do tipo que perde a vida, mas não perde o
capítulo da novela. Tem até o caso de dependência crônica, daqueles indivíduos
que assistem a todas as novelas das programações diárias nas TVs. E as novelas
conseguem um feito hercúleo: a união de pessoas dos mais diferentes credos, dos
mais diferentes níveis socioculturais em torno do mesmo "propósito".
Louvável, convenhamos. O mais recente fenômeno aconteceu no dia de exibição do
último capítulo da novela "Avenida Brasil". O Brasil parou na noite da sexta-feira para
assistir ao capítulo final da telenovela, que
com uma mistura de humor, drama, futebol e - mas, muita mesmo! - traição
retratou a ascensão da classe emergente. Bares e restaurantes disputaram
clientes com promoções anunciadas durante toda a semana que tinham como gancho
principal a transmissão da novela da 'Rede Globo' em telões montados
especialmente para a ocasião. Em muitos locais de São Paulo e Rio de
Janeiro, as ruas habitualmente cheias de automóveis e pessoas ficaram vazias,
como se fosse uma final de Copa do Mundo. Fenômeno de audiência, a trama
de João Emanuel Carneiro registrou uma média de 49 pontos, equivalente a 69%
dos televisores ligados nos lares em que o Ibope fez medições e promoveu o
novelista ao posto de autor principal na Rede Globo, posição que já foi ocupada
por nome como o da novelista Janete Clair (1925-1983), uma das mais celebradas até hoje na
teledramaturgia.
Demonizada por uns e cultuadas por outros fato é que a telenovela
continua rompendo e construindo mitos. Vilões de caráter duvidoso e capazes de
cometer as maiores torpezas - como foi o caso da Nazaré Tedesco, vivida por
Renata Sorrah em "Senhora do Destino", Carminha, defendida por
Adriana Esteves, em "Avenida Brasil" e atualmente Felix, "a
bicha má", interpretado pelo ator Mateus Solano, que, pelo brilhante
desempenho do primeiro vilão gay da teledramaturgia, recebeu o prêmio de
personalidade do ano em arte e cultura, oferecido pela Editora Três (revistas
IstoÉ, IstoÉ Gente e IstoÉ Dinheiro) - caem nas graças do telespectador e,
mesmo com todos os contras em suas personalidades, se transformam nos
preferidos do público. Inversão de valores ou apenas ficção, entretenimento? Há
os que vão mais longe e afirmam que as novelas são "obras do diabo",
usadas como estratégia para aprisionar as pessoas e enredá-las em sua tríplice
intensão de matar, roubar e destruir.
Os homens, as mulheres e as novelas - "triângulo amoroso"?
Foi-se o tempo em que novela era programa para mulheres. A tal disputa
entre as novelas e o futebol é coisa do passado. Atualmente não faltam homens
que são noveleiros de mão cheia. Mas, se as telenovelas afetam o bolso das
mulheres, no homem, considerado o mais prático, a deformação é pior: afeta o
cérebro, ou seja, o embrutece e o emburrece. A mulher é mais versátil nesse
sentido. Os estudos recentes de neurolinguística mostram que se o homem tele
maníaco sofrer um acidente que lesione o seu cérebro, ele terá mais
dificuldades de recuperação. As chapadas que o homem recebe são mais
impiedosas. Lamentavelmente, de vez enquanto encontramos homens comentando
cenas de novelas em locais de trabalho… Ou seja, homens que assistem novelas
emburrecem e se embrutecem. Mulheres que assistem novelas são manipuladas por
padrões de moda e de beleza irreais. Em seu subconsciente querem
"transportar" para suas vidas, toda a "magia" dos personagens engenhosamente criadas por seus "criativos"
autores. Em tempo, faço uma mea-culpa: EU ASSISTO NOVELAS! (Socorro!!!)
Torre de Babel
As telenovelas querem reconstruir a torre de babel.
Estão mutilando o futuro de muitas pessoas. A sexualidade e erotização abordada
na TV é doentia e excessiva e exibida em horários inadequados para jovens e
crianças. Quantos pais já não se envergonharam ao serem obrigados a assistir
junto de seus filhos cenas “apimentadas” e optaram em fingir que nada viram?
Outros temas são mal abordados como traições, homossexualidade (esse virou tema
obrigatório nas novelas), mentiras etc. A sociedade está a criar uma geração
dos filhos de Nietzsche. Deus está “morto” (só que Alá, Kardec, Buda... estão
vivos) agora tudo é permitido: faltar respeito aos pais, demolindo os valores
impostos pela tradição e acabar com a instituição chamada “família” (À propósito, a próxima novela das 9 na Globo, terá o título de "Em Família" e já dá até para imaginar o que virá disso.). O figurino
do momento é ter uma geração de políticos, profissionais, estudantes, donas de
casas egoístas, orgulhosos, arrogantes, seduzidos pela moda, pela conta
bancária e seguem um modelo de conduta de burguês rumo aos povos que seguem o
mesmo caminho. A inveja, delação, ciúme, perseguição, agressividade e
humilhação estão quase sempre presentes. Que chatice. Deus nos acuda. A
primeira novela brasileira se chamou: “A Sua Vida me Pertence” (Produzida e
exibida pela extinta TV Tupi São Paulo, de 21 de
dezembro de 1951 a 02 de
fevereiro de 1952, às 20 horas e teve de 15 capítulos) - Seria uma
"novela profética"? - e é isso que acontece quando a pessoa
a ela se entrega de corpo e alma. Não é mais a pessoa que vive, mas a novela
vive na pessoa. A novela passa a ser a sua senhora do destino.
Há outros aspectos de telenovelas que não vou
discutir neste artigo, até porque já me alonguei muito e também são mais
polêmicos, como, mensagens subliminares de passagem de ideologias e processos
manipulatórios da mente do telespectador e da destruição de princípios
cristãos. Vale lembrar que os princípios são imutáveis, enquanto que os métodos
nós os adaptamos. Talvez isso explique a proliferação de igrejas que pregam a
teologia da prosperidade e outras como o islamismo. A população está em
acentuada e contínua perda do poder aquisitivo. Para a nossa população só a
educação irá libertá-las.
Numa formulação de síntese, a televisão pública
deve primar por conteúdo prioritariamente educativo. Em relação às novelas, se
é para continuar a trilhar nesse caminho, cada país deveria então produzir
suas, com base na realidade concreta, que retratem a realidade específica,
estreladas e exaltem também valores do negro e analisem a administração
pública, os interesses econômicos e privados, a política e os problemas
sociais. E nós os outros, é preciso que cada pessoa tenha noção de sua
própria identidade e seus alvos pessoais. Multipliquemos os prazeres lendo
jornal e livros e cerrar fileiras em torna da família, a célula “mater” da
nossa sociedade, da qual participamos e recebemos herança genética, principalmente,
a moral. Dela depende a nossa personalidade.
Finalmente, o dia em que a cúpula que dirige as
televisões públicas começar a sentir vergonha teremos um bom começo. Parece que
o lema que reina nos donos do mundo da televisão, é: “a programação que aliena
não se mexe”, parafraseando o Dr. Waldemar Essuvi Tadeu, pesquisador e
conhecedor também de futebol. O meu sonho é que o ser humano comece a usar a
cabeça. Devemos começar a apelar para a cabeçada de vez em quando, sem medo de
manchar nossas páginas de vida, contra esse programa crack da humanidade, cujo
efeito é rápido e provoca aos nossos filhos, irmãs, pais, sociedade, destrói
irreversivelmente o cérebro humano e o resto que “se dane”. Talvez só assim
seremos craques mundiais, ou seja, os melhores do mundo. Fica, portanto,
decretado que a telenovela é o “crack” da nossa sociedade.
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