Que o
avanço da tecnologia com o advento da internet mudou completamente o
comportamento das pessoas é fato. Hoje nos lares onde já é possível encontrar
um computador portátil - em seus mais variados tamanhos e modelos - os
relacionamentos se tornaram mais virtuais e, consequentemente mais frios e
impessoais. Há lares em que as pessoas, mesmo estando separadas apenas por
paredes e portas, só se comunicam através das máquinas. Com o surgimento das
redes sociais então é que o negócio ficou mais virtual ainda. O Facebook -
ainda líder em números de perfis - é uma espécie de "paraíso" para
essa geração que está cada vez mais conectada.
E o que
dizer dos relacionamentos amorosos? Também "caíram na rede". Há até
os adeptos do sexo virtual. Isso mesmo! Algo antes inimaginável hoje é uma
realidade - por mais absurda que seja. O sexo natural, com o contato íntimo dos
corpos proporcionando o prazer do contato físico em todas as suas deliciosas
sensações, tem dado lugar ao sexo pela internet. É o típico caso do quem não
tem cão que cace com gato. E que gatinho raquítico esse viu?! Agora, adolescentes sob o furor da puberdade, não se trancam mais com as revistas masculinas no banheiro (acabou o risco de exemplares com "páginas coladas"). Eles levam é o tablet (cuidado com a tela de led, jovem)! O sexo, um
relacionamento tão pessoal, que inclusive em muitas culturas e doutrinas
religiosas só é concebido por questão específica de procriação, hoje já pode
ser feito com um parceiro aqui e o outro lá na Cochinchina. Sinais dos
tempos.
Pra todos os gostos
Para um lado, quem eu quero. Para o outro, quem não me chama
atenção. Um coração vale como um sim: achei interessante. Um X acaba com a
possibilidade de um encontro. Tudo isso a qualquer hora e em qualquer lugar,
basta sacar o smartphone do bolso e começar a paquerar. Simples assim. O
Tinder, o aplicativo (app) de relacionamento que virou febre principalmente no
Brasil e no Reino Unido, ganhou 2 milhões de usuários nos últimos dois meses.
Ele é apenas um dos exemplos dos aplicativos que prometem facilitar a
conquista.
Down (o antigo Bang With Friends, em que se selecionam os
interesses para uma transa), Anomo (para quem não quer se identificar), Grindr
(nos moldes do Tinder, mas direcionado para gays), Brenda (para o público
lésbico) e Badoo (que também é uma rede social e um dos pioneiros entre os
aplicativos) são alguns exemplos de uma lista que parece estar longe de
terminar. De olho na adesão mundial, desenvolvedores de aplicativos ampliaram a
oferta e lançaram os polêmicos Lulu – em que as mulheres avaliam os homens – e
o Tubby, para eles as avaliarem. Mas na última sexta-feira foi revelado que o
Tubby não passava de um boato. O anúncio aconteceu dois dias após a decisão da
15ª Vara Criminal de Belo Horizonte, que proibiu o app de ser disponibilizado
no Brasil. Os riscos de violência na internet – entre elas o bullying – e
de um esvaziamento da interação presencial, entretanto, não são os únicos
temores dos especialistas ouvidos pelo Bem Viver. A superficialidade do
primeiro contato, a banalização da paquera e o culto à aparência também
preocupam. Certos de que é apenas uma moda, que logo será substituída por
outra, estudiosos do comportamento humano e das questões de gênero estão
atentos à realidade que favorece fenômenos como esse, mas também à herança
deixada por eles. Resta saber: a qualidade desses encontros é maior ou
menor em relação aos que ocorrem de forma presencial ou o ambiente dos
aplicativos nada mais é que uma reprodução da sociedade? Freud há de
explicar!
O tiro no escuro
Na verdade essa mudança no comportamento da sociedade revela os
quão egoístas e egocêntricas os indivíduos estão se tornando. As redes sociais
tornam-se um verdadeiro oásis para espertalhões oportunistas à procura de
pessoas desiludidas e com sérios problemas de baixa autoestima. Estima-se que
80% dos perfis criados nas redes sociais são "fakes" (falsos). Ou
seja, o que vemos pelo monitor nem sempre é o que está por trás dele. Pipocam
casos de pessoas - em sua maioria esmagadora, mulheres solitárias - que são
vítimas de "Dons Ruans" virtuais estelionatários em busca de vítimas
para aplicarem seus golpes. E já o registro de casos de violência que culminam
em tragédias, com a morte das vítimas. E o que dizer dos abusadores de menores,
das redes de pedofilia, de prostituição e dos inexplicáveis vídeos íntimos que
vivem "vazando" na rede e provocando polêmicas envolvendo
celebridades e anônimos? Foi-se a privacidade. Hoje, para se invadir a
privacidade de desavisados basta um teclado. Mas será que essas pessoas
querem mesmo privacidade ou uma oportunidade de "aparecer"? Freud,
por favor, me ajuda!
Olhos nos olhos, quero ouvir o que você diz
Resolve se eu usar a web cam e o fone de ouvido de última
geração? Como explicar essa verdadeira "transposição" que
ocorreu nos relacionamentos? Eu não sou psicólogo, mas segundo especialistas,
trata-se de um fenômeno da “sociedade do espetáculo”, com sua cultura
permanente do efêmero, do volátil e da necessidade de interação imediata,
simultânea e on-line que por meio desse tipo de comportamento, embora não se
deem conta, o que estão fazendo, de fato, é atingir diretamente suas próprias
vidas e de outrem a uma permanente exposição brutal e violenta da sua vida
sexual e privacidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário