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domingo, 8 de junho de 2014

Trabalho: profissionais resistentes à modernidade dos tempos


A inspiração para este artigo surgiu de um papo informal com um amigo recente, o Ronaldo, sua esposa e minha colega de trabalho, a Ilza, um casal abençoado. Discorríamos acerca das profissões que apesar do advento da tecnologia ainda permanecem e são essenciais no desenvolvimento da nação. 

Profissão: DEUS
Há, inclusive, profissões presentes desde os tempos bíblicos. Nosso Deus, apesar de total soberania e poder, é um trabalhador incansável (Gn 1, 2:1; Jo 5:17). Adão foi incumbido de trabalhar na preservação do Jardim do Éden (Gn 2:4-15). Foi Ele quem instruiu Noé na construção da Arca (Gn 6:13-17). E o que dizer dos profissionais que participaram da construção da reprovada Torre de Babel (Gn 11:1-6)? O Senhor ainda dotou homens - Bezaleu e Aoliabe - com capacidade específica na arte para participação na construção do Tabernáculo (Êx   35:30-35; 36:1). Houve trabalhadores na construção do Templo de Salomão (1 Rs 6, 7). Encontramos os judeus trabalhando na edificação dos muros de Jerusalém (Ne 2:1-8, 18-20; 3-7). José, o "pai" terreno de Jesus era exímio carpinteiro (Mt 13:55) e o próprio Jesus herdou a profissão de José (Mc 6:3).

Bravos profissionais
Resistir ao tempo. Esse é o desafio diário daqueles que sobrevivem dedicando-se a profissões em extinção e que estão na ativa há mais de meio século. E não é uma luta das mais fáceis, afinal, no mundo do consumo rápido, a sobrevivência, para quem está fora desse eixo, parece estar em xeque em meio a uma contagem regressiva. Mas se por um lado a concorrência com os avanços tecnológicos pode ser desleal para quem mantém o mesmo ofício há tantas décadas, acredite, esses profissionais resistem sim ao longo dos anos e ainda se mostram insuperáveis naquilo que sabem fazer de melhor: trabalhar com a dedicação renovada a cada dia. Barbeiro, bordadeira, engraxate, quituteira, torneiro e serralheiro são algumas das profissões antigas – algumas, inclusive, foram praticamente extintas com o passar do tempo. Outras atividades centenárias, porém, resistiram às mudanças e, ainda hoje, estão em alta no mercado. É o caso das costureiras, padeiros, pedreiros, marceneiros, carpinteiros, motoristas e mecânicos, que encontram vagas de sobra em várias regiões do País.

Segundo estudo o Pará, onde os setores de serviços e de construção civil despontam como os maiores geradores de postos de trabalho, profissões históricas garantem emprego e renda às famílias. Um balanço feito recentemente, mostra que o Pará apresentou recorde na geração de empregos formais. O setor de serviços foi o que teve o maior saldo dos postos de trabalho criados, seguido imediatamente pelo setor da construção civil.

O reconhecimento
Empreendedor individual é qualquer pessoa que trabalhe por conta própria e que se legaliza, gratuitamente, como pequeno empresário. A modalidade foi instituída pela lei complementar 128, de 19 de dezembro de 2008, e começou a ser aplicada a partir de 1º de julho de 2009, inicialmente para o Distrito Federal e, em fevereiro de 2010, para todo o Brasil. Ao se formalizar, o trabalhador adquire natureza jurídica, por meio do registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilita a abertura de conta bancária, e o contrato de de empréstimos bancários, além da emissão de notas fiscais. Fora esses benefícios, o empreendedor individual também recebe um alvará provisório de funcionamento. É importante que, antes de se formalizar, o interessado procure orientação sobre a ocupação escolhida e sobre as exigências feitas pela prefeitura para se formalizar. O Sebrae oferece assessoramento técnico-gerencial, organizacional, administrativo e comercial aos empreendedores que desejarem abrir um negócio individual. Para entrar nesta categoria é necessário faturar até R$ 60 mil por ano, não ter participação em outra empresa como sócio ou titular e ter, no máximo, um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria.

Reinventar sempre
Mas se por um lado há profissionais que se apegam  ao tradicionalismo, há também aqueles que precisam se reinventar a cada dia para manter viva a profissão. Para isso é necessário que o profissional invista em qualificação e esteja aberto para o que de novo surgir no segmento em que atua. As profissões mudaram bastante, tem muita coisa que eram feitas décadas atrás e hoje não mais. Por exemplo, o sapateiro não cola coisas pequenas de tênis ou arruma alças de bolsas. Ele faz um ou dois solados por semana, antigamente certamente a demanda era bem maior. Para acompanhar a demanda, era necessário a manutenção de funcionários exclusivamente para a produção de solas. Ou seja, esses profissionais perderam seus postos de trabalho.

Uma coisa é certa, o trabalho honesto - apesar de ser muitas vezes hostilizado, em tempos onde para muitos é mais fácil a desonestidade - dignifica sim o homem de bem. Aquele que mantém suas convicções firmadas nos princípios da moral e dos bons costumes. Que Deus, pois, abençoe a todos os pedreiros, carpinteiros, serralheiros, sapateiros, torneiros, mecânicos... e todos os profissionais que não se curvaram ao poder em série das máquinas. 


Dica do Léo

O filme "Tempos Modernos" (abaixo, na íntegra)- uma das grandes obras primas do cinema - refere-se a uma crítica ao modernismo e ao capitalismo representado através da industrialização, onde o operário robotizava-se a uma rotina baseada na incansável linha de montagem de uma indústria.

Carlitos, personagem principal interpetado por Chales Chaplin, é um trabalhador que manuseia a máquinha e come ao mesmo tempo, deixando claro o excesso de trabalho ao qual era submetido e após o temino de sua jornada, se comportava como se ainda estivesse a exercendo.

Sob uma saturação, Carlitos adoece e é internado em um sanatório. Ao retonar, depara-se com a crise de 29, na qual toda parte empregativa estava falindo e o país passava por uma grande miséria. Se vê obrigado a ir em busca de um novo emprego para que pudesse sobreviver à toda aquela crise.

Em meio a toda confusão que acontecia na cidade, como protesto e greves, ele acaba sendo confundido com um agitado comunista e é preso. Após algum tempo o operário é solto pela polícia por agradecimentos, uma vez que ajudou na prisão de um traficante que tentava fugir. Em meio a outras prisões posteriores conhece uma moça pela qual se apaixona.

O operário consegue alguns empregos dos quais não se mantém em nenhum. Acaba trabalhando com a moça em um café onde expressa o prazer de trabalhar em algo gratificante e criativo.

Charles Chaplin consegue transmitir com esse clássico uma idéia clara de como o mundo capitalista e industrial nos escravizou e escraviza até os dias de hoje, nos robotizando à exercer sempe nossas mesmas funções e viver em uma eterna ameaça de estafa com a correria diária, a poluição sonora, as confusões entre as pessoas, os congestionamentos, as multidões nas ruas, o desemprego, a fome, a miséria.

Tempos Modernos (Modern Times) - Charles Chaplin


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