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sábado, 29 de março de 2014

Jogos Virtuais, se falta limite, há dependência


Se alguém pensou que eu iria "demonizar" os jogos virtuais ou falar sobre as supostas "mensagens subliminares" por detrás deles se enganou. Não sou destes. Não gosto destes "besteiróis". Quero apenas chamar a atenção para o perigo de alguém se viciar nesses jogos ao ponto de se tornar um dependente. 

"Logo na primeira semana conseguimos pagar o investimento feito para o desenvolvimento do aplicativo", frase dita pelo diretor de operações da Netfilter, Pedro Paulo de Oliveira, que criou o jogo virtual Boliche Medieval, para o site UOL Tecnologia. Nesse jogo, até a fase 10, que tem como objetivo derrubar pinos de boliche, o aplicativo sai de graça. Porém, para continuar jogando, o usuário tem a opção de baixar os outros níveis, mas paga por isso.

Se nada vem de graça no mundo real, imagina no virtual? Grande parte desses aplicativos não tem custo algum, basta que o usuário baixe-os e pronto. Como um "peixe", o consumidor caiu na rede e foi consumido pelas sensações que o novo companheiro causa. Porém, o que parece apenas um divertido passatempo esconde um mundo cruel e, o que é pior, viciante.

Há casos em que o jogador fica jogando mais de 16 horas por dia! A vida desse indivíduo é baseada nos jogos. A dependência é gradativa: primeiro é um hobby, depois vira uma compulsão e está caracterizada a dependência. Assim, toda a vida da pessoa é atrapalhada, pois tudo passa a girar em torno dos jogos. E, se não estiver jogando, fica irritado, não consegue nem raciocinar. É a abstinência. Passa a não acreditar em si própria. E jogando quanto mais a pessoa ganha, mais se sente poderosa. 

Porém, chega uma hora que começa a prejudicar a saúde e aí a se percebe que precisa de mudança. Especialistas que tratam de viciados em internet destacam a estratégia usada na fabricação desses divertimentos e fala do que eles são capazes. Segundo eles, os jogos são feitos para que as pessoas ganhem pontuação. Por isso, as primeiras fases de um jogo são fáceis de conquistar. Com isso, causam dependência e aumentam o ego e a vaidade do jogador. Eles também fazem questão de destacarem que muitos, sem perceber, entram num estado de "anestesia emocional" toda vez que se depara com situações difíceis. Eles explicam que isso é uma habilidade natural do ser humano, de procurar "fugas" para se sentir melhor.

Em entrevista ao site Forbes, o criador do jogo Flappy Bird, Dony Nguyen, disse o porquê tirou seu jogo do mundo virtual. "Ele (Flappy Bird) foi criado para jogar por alguns minutos, quando você está tranquilo. Mas tornou-se viciante. Acho que virou um problema e, para resolver esse problema, é melhor remover o Flappy Bird. Não tem volta." Nesse jogo, a pessoa controlava o voo de um pássaro, que precisava atravessar um caminho sem fim e cheio de obstáculos para ganhar todos os pontos.

Psicólogos afirmam que, para o dependente nesse tipo de jogo, existe a "sensação de vitória"; pois o sucesso que a pessoa não tem na vida, adquire no jogo. Quem se acha vitorioso nesse campo deve ficar atento, pois até coisas que parecem inofensivas e ingênuas são exploradas por quem visa apenas o lucro. E tudo em nome da diversão, do nosso bem-estar. Será mesmo? 

A busca por estratégias que viciem o usuário só deixam claro que, por mais que o jogador se sinta o campeão das fases mais difíceis de tais jogos, na verdade, está sendo apenas mais uma marionete nas mãos das empresas e se transformando num perdedor das coisas simples da vida.

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