Atualmente muitos programas de televisão estão
voltados para a descoberta de “novos talentos” musicais. Um deles é o “The
Voice Brasil” – um dos melhores, em minha opinião –, que durante as noites de
quinta-feira, chama atenção de milhões de espectadores que acompanham a
trajetória do possível novo nome da música brasileira. Antes dele, porém,
programas similares já apresentaram as novas “promessas” que, em sua maioria,
não duraram muito no cenário nacional. O oposto também aconteceu: candidatos
que perderam a disputa conseguiram se destacar depois.
Para o produtor musical Carlos Eduardo Miranda, ou
simplesmente Miranda, como é mais conhecido no meio, não há garantias para quem
vence. “Os programas podem até ajudar os cantores, mas não asseguram o sucesso,
nem mesmo para o primeiro colocado. Há vários exemplos de cantores que não
ficaram em primeiro lugar, mas seguiram bem na carreira como o Thiaguinho, do
‘Fama’”, comentou em entrevista ao jornal O Tempo. O cantor a quem ele se refere
foi vocalista do extinto(?) grupo Exaltasamba que trilha agora uma bem-sucedida
carreira solo, sendo, inclusive, por causa de seu romance com a atriz Fernanda
Souza, um dos queridinhos da Rede Globo (o cara virou arroz de festa nos
programas da emissora global).
Íntimo desse formato, o respeitado produtor Miranda
foi jurado de dois programas – “Ídolos” e “Astros”, ambos exibidos pelo SBT – e
elucida que todos os programas desse tipo têm outras funções além da
descoberta. “Esses ‘realities shows’ servem mesmo para divertir as pessoas.
Apesar de montarem um programa de competição de talentos musicais, o que conta
ali são os floreios vocais”, opina. Para ele, o mais importante vem do próprio
cantor. As aptidões, contatos e persistência são fundamentais para o destaque.
“O artista precisa saber como despertar o interesse, essa é chave do negócio”,
diz.
Independente do talento, aparecer na televisão é
importante para carreira de músicos devido à abrangência que a mesma tem. Hoje
em dia, todos os meios que o artista tem para mostrar sua música são
relevantes. O que não significa que você vai sair de programas de TV e vai
ganhar fama. A recente história desses shows de calouros mostra que a vitória
não assegura o sucesso, mas tampouco que a derrota representa o fim da carreira
do competidor.
Dentre os vários casos que ilustram essa afirmativa
há aqueles que chamam mais atenção. Como o da primeira vencedora da edição do
“Fama” Vanessa Jackson, que lançou três CDs, emagreceu 40 quilos após a
competição – entrando assim nos padrões do mercado –, mas não conseguiu
permanecer como uma cantora reconhecida após esses anos, apesar do evidente
talento. Alguém por acaso ainda se lembrava dessa moça se ela não tivesse sido
citada no artigo? Ou ainda a história oposta da mineira Lorena Chaves, que foi
eliminada do “Ídolos”, mas conseguiu um contrato com a Som Livre após quatro
anos de sua participação no programa.
Nesse contexto, a vencedora da edição do “The Voice
Brasil” do ano passado, Ellen Oléria, está construindo o próprio caminho.
Atualmente, ela é contratada da Universal Music, gravou um CD com a
participação de Carlinhos Brown e tem uma aquecida agenda de shows pelo Brasil.
Ela reconhece que os empecilhos para o desenvolvimento de uma carreira musical
têm várias facetas. “Algumas pessoas têm muito potencial criativo, mas não têm
boas estratégias, ou tocam e cantam bem, mas não lidam bem com o gerenciamento
de seu projeto. Algumas têm tudo isso, mas falta investimento”, disse ela em
entrevista no programa Altas Horas (Globo). A cantora acredita que o
reconhecimento determina o sucesso, mas questiona as interpretações possíveis
para essa palavra. “Para alguns, reconhecimento é ver um olho emocionado ao
cantar, para outras é ter uma multidão diante de si sem se importar com os
conteúdos das canções”, compara. Para Ellen, a participação no programa foi
importante pela visibilidade. “Ajuda os artistas a serem vistos e ouvidos. Com
certeza, isso é muito poderoso”.
Mesmo com todo o poder, especialistas na área advertem
que aqueles que creem que aparecer nas mídias seja suficiente estão equivocadíssimos:
“Além de estar na mídia, ainda é preciso talento”, afirmam.
[Fonte: O Tempo]
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